segunda-feira, janeiro 18

MERCADOS E CRÉDITO DE CARBONO: Agência Amazônica de Gerenciamento e Captação de Carbono.


NOVOS MERCADOS DE CARBONO PODEM GERAR ATÉ US$ 10 BILHÕES


Seqüestro do gás baseado na indústria do turismo e preservação da biodiversidade abre um mercado atrativo.


O seqüestro de carbono, uma das opções do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) na atmosfera, é uma realidade que ainda está presa a questões técnicas, acadêmicas e burocráticas. De acordo com estimativas, esse mercado potencial pode atingir cerca de US$ 10 bilhões que podem ser investidos por empresas de países desenvolvidos por conseqüência da entrada em vigor do Protocolo de Quioto.

Estudos realizados pelo brasileiro radicado na Inglaterra Pedro Moura Costa da EcoSecurities, empresa que viabiliza o comércio e compra de carbono, atesta que cerca de 25% do peso de uma árvore é decorrente de sua captação do gás na atmosfera.

Como o turismo implica na emissão de poluentes, o consumo de combustíveis fósseis cresceu 3,4% em 2004, o maior índice em 16 anos e detém uma importante parcela de culpa no maior problema ambiental dos dias de hoje, o aquecimento global.

Opções de negócios - O turismo abre as portas para o novo mercado inaugurado. A captação do carbono já é uma realidade para algumas companhias aéreas que cobram pelo serviço devido à emissão do poluente decorrente da queima do combustível da aeronave e o valor do serviço a ser realizado.

A possibilidade abre-se pois os números desse mercado são enormes, de acordo com a Organização Mundial do Turismo, somente em 2004 essa indústria movimentou quase US$ 5,5 trilhões, gerou 215 milhões de empregos diretos e indiretos (cerca de 8,1% dos postos de trabalho no mundo). Em quinze anos, ou seja, em 2020, a expectativa é de que o mercado mais que dobre de tamanho, atingindo o número de mais de 1,5 bilhão de chegadas de turistas que, somadas ao final desse período, movimente US$ 100 trilhões.

Outra opção que já está em andamento na Bahia, é o projeto "Fazenda de Chocolate", que aproveita o seqüestro para produzir mais cacau e também para preservar a biodiversidade do chamado Corredor Central da Mata Atlântica que possui uma média muito maior de espécies por km² em comparação às outras florestas americanas, 456 tipos contra 10, respectivamente.

O chocolate derivado da captação do carbono movimenta globalmente US$ 60 bilhões e tem atraído a atenção de empresas produtoras de chocolate, pois agrega ao produto um lucro social econômico e ecológico ao retirar o carbono da atmosfera e ajudar na contenção do aquecimento global.
(CONPET ).




O Que é Crédito de Carbono e Qual sua Importância em Nossas Vidas?

A idéia de se criar o sistema de créditos de carbono foi buscar compensar a emissão de gases que produzem o efeito estufa através de um programa que desperta nos países a vontade política de rever os seus processos industriais e, com isso, diminuir a poluição na atmosfera e o seu impacto no aquecimento do clima.
Em função disso foi criado um certificado que é emitido pelas agências de proteção ambiental reguladoras, atestando que houve redução de emissão de gases do efeito estufa. A quantidade de créditos de carbono recebida varia de acordo com a quantidade de emissão de carbono reduzida.
Foi convencionado que uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivale a um crédito de carbono. Outros gases que contribuem para o efeito estufa também podem ser convertidos em créditos de carbono, utilizando o conceito de carbono equivalente.
Esse certificado é negociado no mercado internacional, onde a redução de gases do efeito estufa passa a ter um valor monetário para conter a poluição. Há diversos meios para consegui-lo, alguns exemplos são: reflorestamento; redução das emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis; substituição de combustíveis fósseis por energia limpa e renovável, como eólica, solar, biomassa, PCH (Pequena Central Hidrelétrica), entre outras; aproveitamento das emissões que seriam de qualquer forma descarregadas na atmosfera (metano de aterros sanitários) para a produção de energia.
Em acordos internacionais os países desenvolvidos passaram a ter cotas máximas para emitir esses gases do efeito estufa. Coube a esses países criar leis para restringir a emissão desses gases em seus territórios.
Os países ou suas indústrias que ultrapassarem as metas estabelecidas terão que comprar os certificados de crédito de carbono, da mesma forma que quem conseguir reduzir suas emissões poderá vender o excedente dessa redução de emissão de gases nas Bolsas de Valores e de Mercadorias a outros países ou indústrias que necessitem desses créditos.
O mercado de carbono possui um critério que se chama adicionalidade. Segundo este, um projeto precisa absorver dióxido de carbono da atmosfera, no caso de reflorestamentos, ou evitar o lançamento de gases do efeito estufa, no caso de eficiência energética.
Algumas pessoas criticam esses certificados por entenderem que eles autorizam países e indústrias a poluir. E isso pode ser verdade, pois a intenção da criação desse certificado era organizar critérios de neutralização da emissão desses gases poluidores.
Porém, também havia embutido dentro do programa a intenção de que os países que fossem os maiores poluidores diminuissem suas emissões, e que esse mercado de carbono servisse de estímulo para incentivar os países em desenvolvimento para que, atraídos pelo ganho financeiro, cuidassem melhor de suas florestas e evitassem queimadas.
Mas não foram suficientes os alertas e os estímulos financeiros. Algumas empresas continuam a destruir as florestas pela sua ganância e ignorância, esquecendo que as conseqüências serão muito graves para todos nós e as gerações futuras.
Os governos foram omissos e permitiram, e ainda permitem, que o desmatamento sem controle furte a nossa maior riqueza: as florestas. Hoje ainda assistimos governantes de países importantes ignorarem todos os sinais de perigo dados pela natureza contra a vida humana.
Duas atitudes deveriam ser adotadas imediatamente por todos os governos do mundo. A primeira seria a diminuição em percentuais importantes das emissões de gases poluentes, seja nas indústrias ou nos transportes. A segunda, agir fortemente contra o desmatamento descontrolado das florestas.
Tomamos conhecimento recentemente de que o Incra, órgão ligado ao Governo Federal, é o responsável pelo maior desmatamento em nosso País. Isso causou-nos surpresa e descrédito quanto ao poder público, pois se o governo não consegue controlar nem os seus subordinados como irá fiscalizar os outros?
Por tudo isso, a criação dos créditos de carbono tem um papel importante de conscientização dos países e suas indústrias, mas não será suficiente para resolver esse problema se não houver vontade de todos os envolvidos. Governos, empresas e sociedade devem sentar-se juntos e discutir como mudar esse crime, que é contra o meio ambiente, mas, principalmente, contra nós mesmos.
Para sermos um mundo sustentável são necessários mais que programas de incentivo financeiro ligados ao meio ambiente. É necessário que tenhamos responsabilidade socioambiental e consciência coletiva da necessidade dessa mudança, agora.
(Luiz Fernando do Valle: blograizes)



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